Bem-Vindo!!!

Todos os fatos aqui postados ocorreram da maneira como estão narrados.
Tirando uma mentira ou outra é claro!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A TRISTE MORTE DOS ANUNS

Já contei da viagem de Papai à S. Paulo pra comprar cavalos.
Bom, quando chegava uma nova carrada de cavalos era uma festa.
Éramos 4 vaqueiros: Eu, Zé de Ana, Augusto, e Niltomar.
No desembarque já íamos escolhendo aqueles pra montar, e dentro de poucos dias já tinha cavalo novo correndo atrás de boi.
Cabra novo, por volta dos 17 anos, notei que alguns cavalos estavam caindo os cabelos da crina e do rabo.  Papai também notou e perguntou a Alfredo.
Alfredo era o tratador dos animais.  Nêgo magro e espigado, inteligente e piadista como ele só.
- Alfredo, o que é isso nesses cavalos?
- Dr. eu vejo os anuns fazendo festa em cima dos cavalos.  Acho que tão arrancando os cabelo dos bichos pra fazer nin.
No outro dia na hora do almoço chega papai.
Trazia uma espingarda 36, duas caixas de cartucho, 04 frascos de pólvora e uns 03 kg de chumbo.
Terminado o almoço, carregou um cartucho pra mostrar como se faz, me botou pra carregar mais uma meia dúzia e mandou as ordens.
- Carregue estas duas caixas de cartucho, arrume um bornó e vá matar esses anum que tão aperreando os cavalos.
Hoje os meninos se divertem jogando vídeo-game.  Eu me divertia atirando.  Com 06 anos de idade já cortava palito de fósforo com minha espingarda de chumbo.
Então essa tarefa, tirando o enchimento dos cartuchos, era-me por demais prazerosa.
No outro dia pela manhã começou o tiroteio.
PÊI  morreu um. PÊI lá vai outro.
E por assim foi durante mais de uma semana.
Os primeiros foram fáceis, mas os últimos já estavam escabreados, precisava chegar muito de mansinho e escondido.
Ao cabo de 10 dias não tinha mais anum num raio de duas léguas.
Serviço feito! E bem feito.  Como pagamento ganhei a espingarda.  Beleza!
Umas duas semanas depois veio um inspetor da ABQM registrar uns potros que tinham nascido.  O nome do dito cujo era Cassiano.  Gente boa e um vaqueiro de mão cheia.
Terminando o serviço de inspeção dos animais nos reunimos no terraço lá de casa pra tomar um café e jogar conversa fora enquanto o almoço não saía.
Cassiano deu uma mirada ao redor do muro e disse:
- O senhor tem um partido bom de leucena por aqui.
- Pois é, respondeu papai.  De vez em quando corto um bocado e jogo do outro lado do muro, os cavalos adoram comer, raspam até os galhos.
- Só tem um problema Dr. Nelson, ela é meio tóxica, se os cavalos comerem demais caem os cabelos da crina e da cauda.
Eu olhei pra papai e ele olhou pra mim.
Caímos na gargalhada.
É por isso que pena de morte é meio complicada.  
Os pobres dos neguinhos eram inocentes....

Não fique triste.  Esse nem canta nem tem carne

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A GREVE E A FÚRIA DE UM HOMEM TRAÍDO

Greve é muito cômodo.
A maioria dos profesores ficam em casa coçando o saco e assistindo televisão.
Final de mês o salário tá garantido.
Os alunos que se fodam.
Fui aluno da Federal da Paraíba e só eu sei como meu curso foi prejudicado pelas greves.
Greve, férias forçadas, volta às aulas, enrolação, trabalhos em grupo e mais enrolação pra fechar o semestre.
Aprendizado que é bom, nada!
O IFRN está de greve.
Meu filho Matheus tá de molho em casa.  Dorme até meio dia.
Hoje cansou de fazer nada e resolveu vir trabalhar comigo.
Fui lá no “Espaço Reduzido” devolver uma folha de compensado.
Na volta passei por “Joaquim” cujo nome verdadeiro vou preservar.
- Matheus, tá vendo aquele senhor ali?
- Tô! O que é que tem?
Há uns 10 anos atrás tava no meu escritório e chegou Seu Joaquim.  Depois dos cumprimentos de praxe e de uma conversa sobre fazenda e gado, Seu Joaquim me confidenciou o motivo de sua presença:
- Dr. Quero lhe contratar...
- Pois não Seu Joaquim.  É problema de terra?
- É não.  É que eu vou matar uma pessoa e já vim conversar com o senhor, pro senhor me defender.
Fiquei meio que espantado.  Aquela era inusitada.  Geralmente se contrata advogado depois que a merda foi feita.  Antes era a primeira vez.
- Mas me conte o caso Seu Joaquim.  Se for escabroso eu vou lhe ajudar pelo menos dirigindo o carro.
- Dr. é que eu me ajuntei com uma fulana nova, e a danada ta me passando chifre.  Isso eu não agüento e vou matar ela de faca pra aprender a respeitar um homi.
- Eita.  Isso aí não dá certo não.  Chifre não é mais motivo de matar.
- Os tempos são outros Seu Joaquim.  Ninguém se livra mais da cadeia por um crime desses.
- Mas a vergonha é grande Doutor.  Ou eu mato, ou não posso andar na rua.
- E vc acha que passar cinco ou seis anos na cadeia é fácil Seu Joaquim?  - Ainda mais na sua idade?
E fui conversando e notei que estava convencendo a fera...
- Mas Dr. em branco não pode ficar.  Eu posso dar uma pisa?
- Pode?
- E cortar o cabelo dela de faca?
- Pode!
- E cortar uma das orêia?
- Pode não.
Conversamos mais um pedaço e Seu Joaquim saiu. No outro dia soube a notícia.
Foi uma pisa das maiores que já houve por essas bandas.  A mulher passou bem 3 dias no Hospital com o cabelo todo pinicado, cortado de faca.
E seu Joaquim ficou satisfeito.
Satisfeito de tudo não ficou não, mas achou que tinha ficado de bom tamanho.

LEIA E VEJA SE VC SE IDENTIFICA COM ALGUM DESTES

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

VOCÊ SABE O QUE É MIÍASE?

Se não sabe, coloque o Google pra procurar imagens e digite miíase.
Uma imagem vale mais que 1.000 palavras.
Em Fazenda sempre fiz de tudo, castração, descorna, aplicação de medicamentos, drenar abscessos, etc.
Mas quando Papai foi me ensinar a curar uma bicheira não enfrentei.  Comecei mas terminei vomitando e não quis mais encarar a danada
Bicheira ou miíase, surge quando um ferimento não é tratado e a mosca varejeira pôe os ovos dentro.
Os ovos eclodem e as larvas se alimentam da carne do animal, formando uma espécie de caverna na pele.
Às vezes o buraco na pele é pequeno, mas o interior abriga dezenas de “tapurus”.
Na verdade a miíase tem uma vantagem.  O ferimento não infecciona.
Devido os tapurus se alimentarem da carne,  comem a carne necrosada primeiro, limpando o ferimento.
Relatos dão conta que na Primeira Guerra Mundial, o socorro a um soldado ferido podia demorar dias e quando a ferida ameaçava contaminar, os paramédicos infestavam a mesma com larvas, para evitar a contaminação.
É uma ferida antes de tudo fedorenta e nojenta. 
Vou ensinar a tratá-la caso seu animal apareça com a mesma.
Raspe os pêlos do local, lave com água e sabão, aplique um mata-bicheira que se encontra na farmácia veterinária.  As larvas vão começar a se agitar.  Peque um cotonete ou um pauzinho e comece a retirá-las, e de vez em quando aplique o mata bicheira novamente, e vá tirando os tapurus até o último.
Se nesse ponto vc ainda tiver condições de continuar, e não tiver colocando as tripas pra fora, encha o ferimento com ungüento e aplique um vermífugo à base de ivermectina.
Pronto a bicheira vai se curar com certeza.
Contei isto tudo pra vocês só pra dizer que nos últimos 30 dias apareceram duas crianças aqui no hospital com miíase na cabeça.
Imagine os cuidados que estas crianças estão tendo em casa.....


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

QUAL O DVD MAIS ESPERADO DO ANO?

Vc que respondeu o de Anízio Júnior se enganou.
Tá todo mundo ligado procurando o DVD da academia....
Mas não vamos acusar o rapaz.
De repente ele tava produzindo um Big Brother pauferrense.





TIRARAM O CABAÇO DO VÉI LUÍS!

Depois que começamos a pedalar todo mundo já foi ao barro.
Teve queda boba, e teve algumas feias, daquelas do nêgo terminar em Hospital.
Fernando é o campeão com 06, mas Cleodécio se aproxima rapidamente na contagem.  Disputam praticamente cabeça a cabeça.
Só não caiu ainda eu e o Véi Luís.
Quer dizer.  Só não caiu eu!
Numa trilha que fizemos ontem à noite o Véi Luís largou o rabo no chão que o mocotó entrançou.
Levantou-se desconfiado e seguiu o resto da viagem bem caladinho.
Nem do picolé lá no posto de Dr Borja quis provar.
SÓ FALTA UM!
Foi o mote da turma no resto da viagem de ontem.
Só falta um.
Mas custa!




CÃO QUE MUITO ANDA ACHA RABUGEM, PRA SI OU PRA SEU DONO

À pedido de Vinicius vai um pouco da historia do cachorro pernambucano:
Comanche cresceu rapidamente.
Tornou-se um exemplar espetacular de Fila Brasileiro.
Grande e forte impunha respeito não só pelo porte, mas também pelo latido que mais parecia um rugido dum leão.
Entretanto era muito dócil.
Quando chegava alguém ele dava um latido pra avisar que tava ali, e só encostava se desconfiasse de alguma coisa.
Acho que com uns 03 anos de idade as cachorras começaram a freqüentar o muro lá de casa.  Eis que de repente Comanche aprendeu a pular o muro pra namorar.
De namoro em namoro aprendeu a farrear, e logo se ausentava por 3 ou 4 dias só voltando quando a fome apertava.  Chegava magro só a cangalha.

Vc conhece quando a cidade está se desenvolvendo quando criam o primeiro Cabaré.
Teve Cabaré tá no rumo certo.  É fato consumado.
Os mais antigos devem se recordar que o antigo Cabaré da cidade se encontrava onde hoje é a Lafaiete Diógenes.
Não o conheci.  No meu tempo de rapaz era lá na frente da Livel, inclusive um dos prédios ainda se encontra de pé.
A Boite Alabama era a mais conhecida.  Muito bem freqüentada não era só um encontro para os prazeres da carne.  Muitos iam pra lá pra beber e dançar.  Passando na estrada à noite dava pra ver a turma lá dançando.

Pois bem.  Numa dessas noites, ainda cedo papai recebe um telefonema.
- Dr. Nelson?
- Sou eu mesmo.
- Aqui é do cabaré de Tiquim, dava pra o Sr. dar um pulinho aqui?
- Fazer o quê?
- Buscar seu cachorro que tá aqui.
Chegando lá encontrou Comanche deitado no meio do salão como quem não queria nada.
Não tinha música tocando, nem cliente dançando, e pior.  Não teve cristão que tivesse coragem pra enxotar o dito cujo, que veio rebocado pra casa em cima da Pampa.
Comanche apesar das farras ainda viveu muito até, como diz o ditado, achar a rabugem, que hoje acredito fosse calazar, morrendo na Fazenda Bica pra onde foi levado.


Senta que o bicho é manso

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

VAMOS OCULTAR UM CADÁVER?

Para os amigos tudo... Até a honra!
Você faz de tudo pra não se meter em encrencas.
Mas tem certos amigos que vc entra no fogo com eles.
Não dá pra fugir.  Vc faz porque sabe que eles fariam o mesmo.
O crime de homicídio prescreve em 20 anos.
A historia que eu vou contar aconteceu há 25, portanto acho que já prescreveu.
Mas por segurança vou omitir os nomes.
Duas da manhã o telefone de casa toca:
- Alô!?
- Nelsinho é fulano.
Já sabia que era encrenca.  Naquela hora e naquele tom de voz....
- Diga!?.  Que é que manda?
- Fale baixo e não diga nada a ninguém.  Venha aqui no motel e me procure no quarto 05.
Gelei.
Me veio na hora, que ele tinha matado alguém.
E pior, minha incumbência era esconder o corpo.
Vesti uma roupa rapidamente escovei os dentes e fui.
Antes é claro joguei uma lona, uma pá e um picarete em cima da Pampa.
Se tinha de fazer ia fazer bem feito.
Cheguei no Motel, que naquele tempo era por trás do Hotel Jatobá, o portão se abriu e lá fui eu para o quarto 05.
A Deserter XK do meu amigo estava parada e ele já me esperando na porta.
- Pode dizer!
- Vc tá cego, não tá vendo não? me disse injuriado, apontando pro pneu traseiro murcho.
- Tô com problema de coluna e não dou conta de trocar sozinho.
- Féla da puta.  Vc me acorda de madrugada pra trocar o pneu de seu carro?
- E vc queria que eu chamasse quem?  Minha mulher ou o marido dela?  Disse apontando pra porta do quarto.


A gente se mete em cada encrenca...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

PROCURANDO A "BESTA FERA" PAUFERRENSE - 2


Não me lembro mais onde foi a exposição, mas no domingo eu estava lá.
Peguei, como diz a música, quatro condução.  Duas pra ir e duas pra voltar.
Fiquei realmente impressionado com o tamanho e o porte dos cachorros.
Aqueles certamente punham medo em qualquer um.
Todos bem cuidados, gordos e escovados preparados com refinamento para o desfile de gala.
Seus donos conversavam uns com os outros e mostravam orgulhosos os pedigrees de seus animais.
Num canto meio acanhado tinha um rapaz com um Fila tigrado de preto.
Grande ele era, mas estava magreirão e com um olhar de fome.
O dono certamente já pensava no que estava fazendo ali no meio de tanta pompa e circunstância.
Os juízes começaram a examinar os animais, anotando em suas pranchetas as observações.  Passaram pelo magreirão com um ar de desdém.
Eis que de repente irrompe no recinto um dos juízes com um revolver de espoleta em cada mão.  E tome tiro.
Foi um Deus nos acuda.  Cachorro correndo pra todo lado.
Um Caim, Caim, Caim de cachorro frouxo por toda parte, uns até se cagaram de medo.
O magreirão deu um pulo e partiu pra cima do homem dos revólveres.  Se seu dono não lhe segura firme tinha lhe feito em pedaços.
Fiquei resolvido e durante a semana comprei um filhote de Fila tigrado batizado de Comanche e ainda de lambugem aprendi uma lição.
Damos muito valor a nossos amigos afáveis, bons de papo, limpos e bem escovados, que nos acompanham nas cervejas do final de semana.
Apreciamos a companhia de alguns bajuladores engravatados, conhecedores de vinhos e acepipes caros em detrimento às vezes daquelas pessoas humildes que nos acompanham ao longo da vida, deixando até de convidá-los em algumas ocasiões especiais.
Pois vejam vcs.  Quando o sapato apertar não espere que os cervejeiros, os bons de papos e os bajuladores venham lhe ajudar.
São os primeiros a lhes virarem às costas.
Aqueles que já sofreram as agruras, que sabem o que é o trabalho duro e as privações é que lhe socorrerão.
Vc dorme com seu Poddle dentro do quarto, lhe dá ração, manda ao cabeleireiro, passeia com ele de carro e lhe beija na boca.
Mas quem vai lhe ajudar no momento de precisão é aquele magreirão que você dá resto de comida e que dorme ao relento num buraco que cavou na areia do muro.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PROCURANDO A "BESTA FERA" PAUFERRENSE

Em Recife morava com meus avós.
Meu avô Rodolpho, era um senhor baixinho, gordinho e careca.
Um típico avô.  Sempre de bom humor apesar da idade e da saúde debilitada. Um doce de pessoa em todos os aspectos.
Leitor voraz de jornais e revistas, recebia diariamente umas 03 edições jornalísticas do Estado.
Eu não vou negar, também lia os jornais, principalmente os classificados, que naquela época não oferecia mulher ainda.
Mas cachorro já ofereciam.
Comecei a busca do cão “besta fera” pra levar pra PDF.
Comecei procurando por um Pastor Alemão,  que bonito e dócil não fazia medo a ninguém.  Desisti.
Passei para o Boxer.  Uma fraude.  Medroso que só ele.
Gostei do Doberman, mas disseram que mordia até o dono.
Dei uma pesquisada em uns livros na biblioteca do Colégio Nóbrega, onde estudava e surgiu uma raça que poderia se adequar.  O Fila Brasileiro.
Lá pelo final do mês, já tinha gasto quase todos os meus passes de ônibus na busca do Cérbero pauferrense, e ainda não sabia onde achar esse tal de Fila Brasileiro.
Vovô foi quem chegou com a solução:
- Vc viu no Jornal do Commercio?  Tem uma exposição de Fila Brasileiro no domingo!
Tinha visto não.  Mas anotei a hora e o local, e domingo com certeza eu iria dar uma olhadinha...


Esse impõe respeito


domingo, 21 de agosto de 2011

O SABIDO ERA BURRO? - Parte 3

Albert Finermann era um alemão errante, talvez egresso das hostes nazistas, que por força do destino veio parar no interior de Alagoas pra trabalhar na construção da estrada de ferro.
Não criava raízes em canto nenhum, e com um par de anos foi embora largando seu emprego na Great Western que mais tarde transformou-se na RFFSA, popularmente conhecida como Réfésa.
Deixara no entanto uma semente plantada no bucho de Gumercinda, cabocla bonita, afilhada do Cel Laurindo Dantas.
O rebento nasceu “de tempo” e o sangue alemão se sobressaía em todos os aspectos, desde a tez da pele até o azul profundo dos olhos a lhe ressaltar os cabelos loiros e encaracolados.
No pai, a estatura e compleição desaconselhava qualquer forma de embate físico, já o miúdo era miúdo mesmo, e nem as gemadas com rapadura lhe fizeram encher os braços e as perninhas mirradas.
Batizado de Alberto Finermannn Júnior, ficou sendo chamado carinhosamente de Finermanzinho.  Daí pra Fininho foi só uma abreviação.
Findou por Fininho mesmo.
Pra piorar, no ano que completaria 06 anos dona Gumercinda acamou-se acometida de uma febre desconhecida que nem reza e nem mezinha conseguiram debelar, finando-se em menos de uma semana.
Cel Laurindo que nunca tinha aceitado de bom grado a gravidez de Gumercinda não ia criar aquele moleque mirrado que não ia lhe servir de nada.
Depois do enterro botou Fininho no coche e foi visitar o Dr. Raul único médico da região naquela época.
Conversa vai, conversa vem, convenceu-o a ficar com a criança, sob o pretexto de que com os remédio de verme adequados o garoto logo, logo estaria botando água nos potes e dando comida pras criação.
Dr. Raul já era avançado na idade, sem filhos e viúvo há uma quinzena de anos.  Como não poderia deixar de ser, afeiçoou-se ao garoto ensinando-lhe do ofício, e na adolescência o alemãozinho já cortava uma perna ou um braço mais rápido e mais eficiente que o próprio Dr.
Fosse pra cortar ou costurar, Fininho fazia.  Dr Raul só observava a perícia do garoto com um misto de orgulho e admiração.
Fininho conhecia tudo de veias e artérias, de órgãos internos vitais e de intestinos.  Fazia incisões magistrais sem danificar ou cortar nada que não fosse extremamente necessário.
Uma noite, Fininho foi acordado bruscamente.  O Capitão Chagas tinha matado Dr. Raul em uma briga besta por causa de uma rapariga do bordel....


FOI NO ARIZONA

Papai resolveu que iria construir uma nova casa.
Já naquele tempo, por volta de 1980, era difícil conseguir um bom terreno aqui em PDF.
Um engenheiro amigo seu, Dr. Marcílio deu uma idéia amalucada.
- Construa no Arizona.  Lá vc escolhe o terreno e o tamanho!
A idéia era doida, mas foi crescendo e amadurecendo na cabeça de papai.
Construir uma casa na fazenda... coisa de doido, nós pensávamos.
Mas eis que um dia ele chega com uma planta debaixo do braço e abre em cima da mesa da sala.  Era nossa futura casa.
Ficamos eufóricos.  Salão de jogos, terraços à perder de vista, piscina, churrasqueira... Em suma, um verdadeiro clube.
Escolheu o terreno e passou o trator pra planear e arrancar o mato.
No dia de marcar a sapata, lá estava eu ajudando a puxar a linha.
Quando a construção iniciou eu me mudei pra Recife, pra cursar o segundo grau.
Saí com lágrimas no rosto, igual um retirante pau de arara quando deixa seu rincão natal.
Mas não deixei de acompanhar a construção, todo feriadão pegava o buzão em recife e vinha pra Souza, onde papai sempre me esperava com um sorriso no rosto.
Hoje quando vejo meus filhos depois de alguns poucos dias de ausência é que entendo a alegria em seus olhos quando me via.
Finalmente a casa foi concluída e pra mamãe surgiu um novo problema.  Como ia conseguir encher aquele casarão de móveis?
E pra mim surgiu outro:
Papai mandou eu procurar em Recife um cachorro que metesse medo em qualquer um que quisesse pular os muros da casa....
Bom, acho que vai ter de ser um leão de circo.  Mas tinha de achar o bicho...


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

PEDALA MARINGÁ

Dicas interessantes de ciclismo:

"O objetivo principal do Pedal Noturno é proporcionar aos iniciantes companhia para pedalar pela cidade à noite, em grupo, numa boa, sem correrias, num passeio leve, com um mínimo de segurança, integrando uma roda de bons amigos.

O ritmo do grupo é sempre o dos iniciantes, que estão se juntando ao grupo, começando ou retornado a pedalar. O pessoal deve sempre pedalar em pelotão (todo mundo junto, por questões de segurança), com calma, parando de vez em quando pra reagrupar a galera, respeitando as regras de trânsito, os veículos e pedestres, o condutor e o pessoal do fundo (cozinha), e, principalmente, ajudando e orientando os iniciantes, sem deixar ninguém pra trás (furou pneu, todo mundo pára e espera o conserto; quebrou corrente, idem, idem, idem...), lembrando que não é "corrida", "competição" ou "treino", mas sim "passeio".

Estas “regras” são necessárias para que os novatos se sintam seguros, prestigiados, não são deixados pra trás. Este tratamento visa incentiva-los a continuar pedalando e com certeza voltam nos pedais seguintes.

Todo mundo já foi novato e sabe como isso é importante. No começo pedalar 20 km é um tremendo desafio... as subidas são intermináveis, o percurso muito longo, mas depois de duas ou três semanas pedalando, então o condicionamento físico melhora, o ciclista fica mais acostumado com a bike, marchas, etc., e o passeio vai se tornando tranquilo.

 Mas por que devemos ficar o tempo todo juntos, num pelote só?

 Por questões óbvias de segurança e, também, porque o pedal fica muito mais agradável, os colegas conversando, zoando, etc. Além disto o objetivo do pedal noturno é ser um "passeio" e não corrida, desafio ou  racha... Pra quem gosta de correr, existem outros grupos na cidade, temos algumas datas de provas disponibilizadas no site.
Lembrando que se cada um for no seu ritmo não precisamos do Pedal Noturno e não precisamos pedalar em grupo. Basta cada um pegar sua bike e sair por aí pedalando.... afinal ninguém tem o ritmo exatamente igual ao do outro. Se o seu ritmo é mais forte e acha que o grupo tá pedalando devagar demais, a solução é bem simples: diminui a marcha e aumenta o giro... Você vai suar, vai ralar e vai continuar agrupado na boa.
Informamos ainda que o passeio também é um pedal gastronômico, visitando bares, restaurantes e feiras durante o percurso, ficando cada participante a vontade para desfrutar da cerveja, da porção, do pastel..... 





A volta de Serrinha dos Campos

E A Coca cola tava gelada estalando.  Daquelas que fica coalhando por cima.
Barack Obama fez questão de pagar.  O simpático dono do bar que nos atendeu, forneceu água de chuva geladinha e deu o numero do celular, garantindo que na próxima preparava uma galinha e uma carne assada.  Era só telefonar antes.
Nos despedimos de todos e fomos em busca de casa.
Paramos um pouco para apreciar a paisagem.
Vista deslumbrante de Pau dos Ferros, e de Francisco Dantas. Valeu a pena tanto esforço.
Fabinho tá de parabéns por ter insistido tanto na viagem.
A turma partiu numa carreira desenfreada e fiquei pra trás.
Quando chegamos na descida da Serra soltei a pretinha.
Passei por Luís e Cleodécio que vinham devagarzinho, cruzei como uma bala por Lafaiete e Fernando e saí na caça de Renato e Fabinho.
Quando fiz a segunda curva lá tava Renato estatelado no chão, tinha sobrado e batido no barranco.
A Elite 2.7 nova que tinha pedido emprestado da patroa jazia escangotada no chão, e ele ainda tava patinando tentando se levantar, sem saber nem o rumo de casa.
Passei batido (também não dava pra frear) e só perguntei:
-Machucou?
- NÃO!
Continuei em frente e descendo.
Lá adiante ia Fabinho.  Pegamos o alto maior.
Nessa altura a bike tava difícil de controlar, e se os freios não fossem Deore, acho que tinha ido ao barro.
Márcio na curva com a filmadora em punho rezando por um desmantelo.
Passei por ele freado nos dois.
Quase sobro na curva, mas aprumei atrás de Barack, e só fui alcançá-lo quase no final e terminamos a descida da serra juntos.
Ora, se a vista já compensou a viagem, que dizer daquela descida emocionante com a adrenalina correndo solta...
Nos reunimos no sopé da serra pra comer um doce, beber água e mangar da queda de Renato.
Daí seguimos pra Chico Dantas, em busca da Coca-cola do Mercadinho de Ronaldo.
Guilherme já tava acordado nos esperando.  Ainda com ressaca pediu arrego dizendo:
-Telefone pra mãe vir me buscar.
Deixamos a bike lá em Ronaldo, e tocamos de volta.  Cruzamos com Mércia que ia buscá-lo já perto de Pau dos Ferros.
Pedalada tranqüila até em casa.
Bom domingo com certeza.


Bar da Serra

Turma reunida

Vista maravilhosa

quinta-feira, 28 de julho de 2011

OITICICAS ADQUIREM AMBULANCIA

Os oiticas desta vez resolveram investir alto.
Pra garantir a segurança nas pedaladas, uma vez que o grupo é constituído em sua maior parte de senhores que há muito já entraram nos “entas”, a turma fez uma cota e adquiriu com recursos próprios, uma ambulância.
O veículo possui todos os equipamentos de reanimação cardiopulmonar, e uma enfermeira gostosa pra acompanhar nas pedaladas.
A cerimônia de entrega será na próxima sexta feira com a presença do Excelentíssimo Sr. Prefeito, bem como as demais autoridades da área de saúde do Município.
Contamos com vossa presença para abrilhantar o evento.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Serrinha dos Campos - 3

E fomos subindo.  Quando terminamos o primeiro alto, o resto da turma nos acompanhou.
Márcio que tava na moto adiantou-se do grupo.
No segundo alto o negócio já foi ficando mais pesado.
Eis que chegou um que tivemos que parar pra discutir como subiríamos.
Cleodécio já foi dizendo que não dava pra subir e colocou a culpa nos pneus.  Um tal de Levorin Praieiro, que eu, ele, Lafaiete e Fernando usamos nas bikes.  E pior, adiantou que se subisse não dava pra descer.  Que os pneus eram lisos e quando freássemos nas pedras soltas era queda na certa.
- Que conversa é essa rapaz, passe a primeira e vamos subindo que dá certo, disse eu já começando a escalada.
Ora, não pedalei nem 10 metros, a bike patinou e parou.
Gargalhada geral. 
Realmente constatei na prática que a situação era critica.
Devido a baixa velocidade, se vc errar uma pedalada não dá pra recuperar.  O pedivela não completa a volta e a bike pára.
Voltei pro início, me concentrei e ataquei de novo.
Dessa vez subi até quase o final quando vi que o frequencímetro já marcava 168.  O máximo que devia ter chegado por indicação médica era 141.
Parei, respirei fundo, aquietei o coração um pouco e subi o restante empurrando com o restante da turma.
Márcio voltou, dessa vez com uma boa notícia:
- Esse aqui era um altinho, depois da curva tem um que dá 2 desses.
Ninguém acreditou, só podia ser gozação.
Mas depois da curva realmente tinha uma subida que só podia ser as ruínas da Torre de Babel de tão alta.
Lafaiete já foi desistindo:
- Vamos voltar, eu vim pra pedalar.  Empurrar bicicleta morro acima não é comigo não.
Cleodécio por outro lado já tava meio que desistindo também, mas não se preocupava com a subida, e sim com a descida.
Tavam com razão, mas graças a Deus passou um cristão de moto e disse que já távamos pra mais da metade e lá em cima tinha um bar que vendia Coca-cola geladinha.
Bom, a coisa agora mudava de figura, se tinha Coca-cola....
E fomos andando morro acima.  Hora empurrando, hora pedalando, vencemos a danada da serra.
Pegamos uma chapada e começamos a curtir a paisagem.  Primeira casa escuto um grito:
- NELSIIIIIIINHOOOOO
Só podia ser uma miragem, era mulher, era bonita e tava me chamando.
Botei os óculos na cara e reconheci, era Wênio, cunhado de Fernando e sua esposa Simony que já andaram diversas vezes com a gente guiando o carro de apoio.
- Que Diabos vcs tão fazendo por aqui?
- Eu é que pergunto.  Papai e Mamãe moram aqui respondeu Simony.
Estávamos em casa, água gelada, rapadura e guias pra nos levar até o bar da Coca-cola. 


Trilha entre Chico Dantas e o pé da Serra

Luís num dos primeiros altos

Mata burro

Esse já era maiorzinho

Esse era vitaminado

Só vai com motor

terça-feira, 26 de julho de 2011

Serrinha dos Campos - 2

Lá no Titanic, a surpresa que não era surpresa.
A turma de Mossoró não tinha vindo.
Deividson foi quem anunciou a ausência.  Vinha montado em uma bike Mônaco das mais fulêras que existe.
Aguentei calado porque não queria desgostar o amigo, mas tava claro que aquela bike não agüentaria o primeiro buraco carregando os 120kg do homi.
A coisa tava meio desorganizada, sem carro de apoio, sem água de reserva.
Achei que era melhor deixarmos pra outro dia e mudarmos pra um percurso mais light.
Fabinho insistiu em ir e colocou em votação.
Pois não é que o Barack Obama pauferrense ganhou a teima !?!
Esperamos até as 06:00 enquanto Fernando se maquiava pra poder sair, e fomos em busca da Serra.
Guilherme coitado, ia só o bagaço no rumo de Chico Dantas....
Demos uma parada lá em Ronaldo pra tomar um café da manhã básico de pão com coca-cola.
A informação foi de que dali pra Serra dava uns 15km só de subida e estrada ruim.  Boa notícia.
Márcio chegou numa moto pra dar apoio e Guilherme que tava só o caco, abriu o bico dizendo que não agüentava mais nem se levantar da cadeira.
O jeito foi armar uma rede lá em Ronaldo pra ele se recuperar.
Como tinha de esperar o rapaz se recuperar, resolvi subir a serra também.
- Na volta eu lhe pego!
Pegamos uma estrada de barro boa de se andar, e pedalamos uns 5 ou 6km, parando debaixo duma oiticica pra beber água.
Deividson triste, constatou que o canote da bike estava entortando.
O pessoal dando uma força pra desempenar e seguir viagem, eu não me contive e lasquei:
- Vá não.  Não pegamos nenhum buraco e já entortou.  Vai quebrar e fazer “um arte”.  Pior se quebrar o garfo.  É melhor voltar pra casa.
Meio à contragosto já que o percurso tinha sido idéia dele, resolveu voltar e nós seguimos em frente.
Os mais afoitos aumentaram o ritmo, ficando eu, Fernando e Cleodécio um pouco pra trás.
Numa encruzilhada tinha uma casa.  Paramos pra perguntar o rumo.
O pessoal muito simpático informou que o caminho certo era pra direita, mas que o resto do pessoal tinha tomado à esquerda.
Cleodécio pegou o apito e soprou até ficar vermelho mas ninguém ouviu.
Resolvemos seguir em frente devagarzinho, que quando eles notassem que estavam no rumo errado voltariam.
E assim fomos, até que a Serra se descortinasse inteira com sua primeira subida.
MEU DEUS COMO É ALTA!!!