Bem-Vindo!!!

Todos os fatos aqui postados ocorreram da maneira como estão narrados.
Tirando uma mentira ou outra é claro!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

MOLHADO ATÉ OS OSSOS!

Semana passada tô andando na rua, e lá pelas imediações do BNB encontro com Deividson:
- Vai domingo pro retiro?
- Não tem perigo, respondo meio atravessado.
- Só vou a uma missa de ano em ano, acha que vou passar quatro dias em um retiro?
Após uma gargalhada gostosa ele completa:
- Homi deixe de ser bruto, é uma pedalada até o Sítio Retiro, ali depois do Perímetro.
- Ah, assim ta certo. Tô dentro. Saímos de que horas e daonde?
- De 05:30 lá do Titanic.
- Apois tá combinado.  Diga a Cleodécio que arrume pelo menos um cafezinho preto pra nós tomar antes da pedalada.
Sábado ligo pra ele pra confirmar a pedalada.  Tudo certo. Oito já confirmaram.  Iriam fizesse chuva ou sol.
Eu ia se fizesse sol, com chuva nem morto.
Como já tem lama nas trilhas coloquei o párabarro na bike, arrumei as coisas e deixei tudo pronto pra sair de madrugada.
Cedo da noite o bar em frente lá de casa começou o barulho, aliás um samba bem tocado por um grupo daqui de PDF mesmo.
Mas perturbou pra caralho, e de meia noite ainda tava eu, rodando dentro de casa pelejando pra dormir.
Dei um cochilo e acordei lá pelas três da manhã aí é o que o negócio tava barulhento.  Apesar da chuva que caía intermitentemente, a farra continuava, e deu Bartô, Reginaldo Rossi, Forró, aboio de vaquejada, pense num pessoal de um gosto variado...
Mas eu ia tirar o atraso e dormir até meio-dia, se Deus quisesse.
Pois não é que de 4:30 a chuva parou...
De 5:00 nem um pingo mais.  É, ia ter de honrar o compromisso...
Me arrumei e fui pro Titanic.  Chegando lá só tava Deividson e Márcio.  O dono do Titanic tava lá também, mas só pra dizer que não ia.  Deu uma desculpa pra lá de esfarrapada pra justificar a preguiça, e pior, esqueceu de trazer a garrafa de café. 
Pouco tempo depois chegou o autor da idéia da trilha, Flávio.  Tomamos coragem e partimos.
Quando passamos pela barragem recomeçou a chuva.  Hora fina, noutra grossa.
Agora torou, meu celular novo!  Desliguei, mas sabia que ia perdê-lo.
E tome chuva, e tome lama.  E tome alto, e tome poça dágua.
No início tava me maldizendo, mas depois já estávamos nos divertindo.
Trilha na lama é interessante e na chuva melhor ainda.
Já tínhamos rodado uns vinte Km e eu me lembrei de perguntar:
- O que é que tem lá no Retiro?
- Nada, me responderam.
- Não tem nenhuma mercearia ou bar pra tomar a Coca-cola?
- Não!
- A casa de um conhecido pra tomarmos um café com tapioca?
- Também não!
- E nós vamos fazer o quê lá?
- Só rodar...
Trilha do retiro


CANSADO ATÉ A ALMA!


Puta merda, enfrentar uma pedalada é bom, mas tem de ter uma recompensa no final.  Um banho, um barzinho, qualquer coisa... Mas nadica de nada?
Depois de uma cancela avistamos uma casa, com um carro na frente e umas redes armadas no terraço.
- Vamos pedir um café...
Nos achegamos meio ressabiados.  Um cachorro que estava passando a chuva em baixo de uma carroça avisou nossa presença.  Saiu um rapaz lá de dentro que muito educado nos trouxe um café feito na hora.
A dona da casa apareceu e aproveitando de sua boa vontade pedi uma sacola pra enrolar o celular, Deividson aproveitou e pediu uma também pra digital dele.
Agradecemos e nos despedimos.  E tome Pedal...
Meio aflito vi que só curvavam pra direita.  Desse jeito nós íamos sair em Marcelino Vieira.  Ou pior teríamos que curvar tudo a esquerda de novo pra chegar na estrada do perímetro.
Pois foi o que aconteceu.
Chegamos num local e Flávio disse: 
- Aqui é o retiro!
- Homi vá pra merda!  A gente morre de pedalar pra ver nada?!?!?!
Mas num teve jeito.  Era só aquilo mesmo. Tomamos água e começamos a volta.
E tome chuva, e tome lama.  E tome alto, e tome poça dágua.
Só que dessa vez as curvas eram pra esquerda.
Me lembrei muito de Papai, quando viajávamos nas estradas de barro dessa região.  Quando o cansaço apertava ele dava um alento:
- Já, Já a gente chega na Central!
Pois é, eu já tava com palmo de língua de fora e a Central não chegava.
Lá na frente se delineou um alto grande, e lá na frente um maior ainda.
- Minha Nossa Senhora, o primeiro eu subo, o segundo eu não garanto.
A chuva parou, reduzi as marchas e subimos o primeiro.
Apois não é que o segundo era a danada da Central?!?!
Subimos na BR, já avistando o asfalto que teimam em não concluir.  Eita Brasil que adora desperdiçar dinheiro....
Daqui pro Perímetro é relativamente perto, pensei, e dali pra PDF era um pulo.
Mas pra quem já vem cansado toda distância é longe.
Pedalamos um pouco e chegamos em frente ao parque de vaquejada de Paulo de Jaime.  Lá tem um barzinho que tava fechado. 
Flávio foi acordar o dono, que abriu e nos trouxe uma Coca-cola com um pacote de bolacha.
Beleza.  Naquela altura era um manjar dos deuses.
Bebemos e comemos, nos despedimos e pegamos o rumo de casa.
No caminho, diversos conhecidos diminuíam a marcha pra nos cumprimentar.  Viemos devagarzinho, mas chegamos.
Tava arrebentado por uma noite mal dormida e por uma pedalada de quase 60km por trilhas de lama.
Exausto é pouco pra definir o cansaço que tava sentindo.
Larguei a bike no terraço mesmo, corri pro banheiro, tomei um banho, comi um sanduíche, coloquei um pijama e passei ordem:
- Ninguém me acorde, nem pra almoçar.
Me deitei, puxei os lençóis e o corpo foi relaxando.  Acho que o melhor da pedalada é o descanso depois.  Não tem coisa melhor.
O celular, que graças a Deus funcionou de novo toca.  Caí na besteira de atender.
- Nelsinho, é Cecília aqui do Hospital...
- Diga Cecília!?!?!?
- Venha aqui rápido e traga um eletricista que faltou energia no setor da Pediatria...