Bem-Vindo!!!

Todos os fatos aqui postados ocorreram da maneira como estão narrados.
Tirando uma mentira ou outra é claro!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

TÔ FERRADO!

Ontem teve cirurgia.
Ninguém quer admitir, mas num Hospital o pessoal do bloco cirúrgico é uma classe à parte.
Quando tem cirurgia eles escolhem o cardápio.
Ontem à noite foi lazanha. Muito da bem feita.
Lá pelas 19:00 chegou Toinha da sala da direção com um prato de lazanha e um copo de Coca-cola, que tinha roubado do centro cirúrgico.
Botei pra dentro do buxo, terminei um serviço que estava fazendo e fui pra casa.
Era pra estar só, já que minha linda e querida esposa está de férias em Tibau. Mas Matheus e Guilherme estão passando a semana comigo.
Chegando eu em casa já foram perguntando:
- Vamos jantar o quê?
- Vcs eu não sei não. Eu já jantei no hospital.
- Mas peguem o carro e vão comer qualquer coisa por aí...
Guilherme baixou a cabeça e já foi informando:
- Eu não to com fome, já comi o resto de bolo que tinha na cozinha...
- Eu também não tô querendo comer nada não, respondeu Matheus.
Pois os felá da puta não tavam com preguiça de irem comer? Por certo queriam que eu fosse comprar e dar na boquinha, como a mãe deles faz.
- Homi criem vergonha, vão comprar ao menos um pastel aí na pastelaria de frente.  É só atravessar a rua.
Guilherme de cara feia já foi dizendo:
- Eu vou encomendar, mas não espero.  Matheus depois vai buscar.
Muito chateados combinaram e assim fizeram.
Dali à meia hora tavam agarrados na mesa comendo pastel e bebendo coca-cola. Vendo a cena não me contive:
- E se vcs tivessem de plantar, limpar, aguar, colher, desbulhar e cozinhar?
- Morria de fome respondeu Guila sem titubear.
Me recordei de uma história que papai me contou:

O CÚMULO DA PREGUIÇA!

Zé de Maria Quitéria perdeu o pai ainda jovem.
Preguiçoso como ele só, ficou sendo sustentado pela mãe que lavava roupas “pra fora”.
Com a morte precoce da mãe, ficou Zé, já com 23 anos e sem ter quem lhe sustentar.
Naquele tempo, em meados do século 19, não existia bolsa preguiça nem vereador ou prefeito pra sustentar vagabundo.
Ou trabalhava ou morria de fome.
Quiçá no pequeno povoado do Lima, onde Zé já era conhecido por sua indisposição.
Os habitantes de lá, que há tempos queriam lhe dar uma lição, combinaram o seguinte:
Ninguém daria de comer ao Zé.
Zé comeu o que tinha em casa, e ficou perambulando pelas cozinhas do povoado, sem sucesso.  Mas trabalhar que era bom nem pensar.
Ofertas não faltavam:  Era um algodão pra apanhar era um milho pra colher, era uma roça pra limpar, era um campo pra destocar, um feijão pra desbulhar,  um arroz pra pilar, e muitos outros afazeres que desfiados tomariam um dia inteiro.
Mas Zé não queria conversa ou era dado, já cozinhado, ou preferia passar fome.
E assim foi.
Com 3 dias de fome, Zé cansou de pedir, foi pra casa, deitou-se numa rede, e se aquietou.
O pessoal ficou inquieto.  Foram tudo pra casa de Zé.
- Zé vamo na roça apanhar um cozinhado de feijão...
- Vou não.
- Pois vamo arrancar umas batatas na vazante..
- Tombém não.
Fizeram uma roda por lá mesmo e resolveram apelar.
- Zé é o seguinte, não vamo deixar tu sofrendo.  Se é pra morrer de fraqueza nóis vamo logo enterrar vc.
E como era feito o funeral antigamente, meteram uma vara grande nos punhos da rede de Zé.
Dois pegaram na frente e dois atrás, e seguiram o cortejo pela viela do povoado, no rumo do cemitério.  E Zé tranqüilo só se balançando parecia que nem era com ele.
Passando na frente da casa do Coronel Quirino, este acabara de voltar de uma viagem e não sabia do combinado:
- Espere, quem foi que morreu foi Dona Raimunda?
- Não Coronel. É Zé, que tava morrendo de fome e resolvemos fazer essa caridade e enterrar logo.
O coronel se compadeceu daquela situação:
- Faça isso não.  É um rapaz novo ainda, esperem que eu vou dar três cuias de arroz pra ver se ele se alevanta de novo.
Nisso Zé levanta a cabeça pra fora da rede e tasca a pergunta:
- Já ta pilado?
- Ta não responde o Coronel.
Zé bota a cabeça pra dentro da rede e tasca:
- Pois toque o enterro pra frente!