Bem-Vindo!!!

Todos os fatos aqui postados ocorreram da maneira como estão narrados.
Tirando uma mentira ou outra é claro!

terça-feira, 28 de junho de 2011

O SABIDO ERA BURRO? (parte 1)

(Plagiado de um conto de Malba Tahan)

Seu Antonio do Mel, era um pequeno comerciante de secos e molhados lá em Brejo do Cruz na Paraíba.
Corria os anos 50 e seu Tonho, como era popularmente conhecido, anteviu que o futuro era pra quem tivesse estudo.
Economizou e mandou seu filho primogênito, Eduardo, estudar fora.
O primário no Seminário da vizinha Catolé do Rocha.  O secundário e posteriormente a Universidade, na Capital Pernambucana.
O menino esmerava-se no estudo e pelas missivas enviadas se antevia um poeta ou um romancista de mão cheia.
Formado, a cidade entrou em polvorosa.
Dr. Eduardo iria voltar ao seu rincão natal após 16 anos de longos estudos.
Seu Tonho não cabia de orgulho e convidou todo mundo pra uma festa.
Nela, Dr. Eduardo iria mostrar sua oratória à cidade em que nascera.
O grande dia chegou e a população se reuniu para ouvi-lo, inclusive o Coronel Ferreira, figura forte que mandava e desmandava na região, com influencia inclusive nas decisões do Estado, desde que passasse por aquelas bandas.
A chegada de Dr. Eduardo no local, atrasou um pouco em virtude da quebra do Ford de bigode que fora lhe buscar na estação de trem de Patu.
Atrasou mas chegou.
Antes do rega-bofe o Doutor Bacharel iria se fazer ouvido.
Acimou no púlpito e iniciou o bonito discurso.
Falou da modernidade lá de fora, da democracia, do direito ao voto, de condições dignas de trabalho e de salário, e principalmente enfatizou que enquanto os Coronéis mandassem na região nada mudaria, e que o Coronelismo era a maior chaga que infestava o sertão nordestino.
Discurso lindo de se ouvir, o povo aplaudiu menos o Coronel Ferreira que não abriu um sorriso sequer.
Findo o banquete, e já na quentura do outro dia, o filho pródigo resolve sair pra dar uma volta.
Na esquina da Matriz com a rua do Telégrafo, dois homens com cara de poucos amigos lhe cortam o caminho e aplicam uma surra daquelas de escambichar burro acuado.
Transeuntes prestam socorro ao Doutor e lhe levam pra casa.
Quando melhora a situação do enfermo, Seu tonho, com aquela paciência que lhe era característica diz:
 - Meu filho, você estudou muito, com afinco e me orgulho disto.  Aprendeu línguas, oratória, lógica, física e matemática.  Conhece tudo desta terra e das estrelas.  Mas não aprendeu o principal.  Não aprendeu a viver....
- Vá embora novamente, caminhe e converse com o povo, se misture à eles e daqui há dois anos me volte aqui de novo...

(continua amanhã)


Foto do Coronel Ferreira, no auge de seus desmandos e desvarios.


Um comentário: