Fazenda hoje não dá dinheiro!
Antigamente quem tinha terra era rico!
Bom era no tempo da Fartura!
Essas afirmações ouço todo dia, não desfirmo nem confirmo.
Meu avô era homem rico, possuía um caminhão velho, uma casa e uma.... Fazenda.
Ainda me lembro de sua despensa. Apesar de muito novo, lembro dos silos de feijão cheios, do arroz a abarrotar os tonéis. Lembro das cargas de rapadura arrumadas nas prateleiras de madeira, dos queijos de coalho, em cima da tábua pendurada nos caibros com arames, e uma folha de zinco no meio pros ratos não descerem. Relembro principalmente do caixão enorme de guardar farinha e do barulho da desnatadeira, acionada todo dia de manhã por vovó que girava sua manivela.
Não vou esquecer também do milho e do leite farto, dos ovos e das galinhas, dos porcos no chiqueiro engordados cuidadosamente com milho cozido, dos carneiros que pastavam soltos, da coalhada da manhã e da tardinha, e das latas de querosene cuidadosamente empilhadas.
Só faltava falar da lenha, cujos vários metros arrumados no terreiro, não deixavam dúvidas. Havia mantimento pra mais de ano.
Isso sim é que era fartura e riqueza.
Essa “riqueza” todo fazendeiro pode ter ainda no tempo de hoje.
Mas não.
A mulher quer arroz parbolizado, macarrão fortaleza, o bife amaciado e a lingüiça Sadia.
O queijo parmesão ou mussarella fatiado.
O Feijão tem de ser Tio João, e o beiju e a tapioca deram lugar à aveia e bolacha cream cracker.
Das crianças nem gosto de falar.
Só comem se estiver embalado.
Tem nojo de galinha e de ovos caipira.
Não bebem leite, só todynho
E a rapadura não sabem nem o que é. É bolacha recheada, chocolate, e os diversos tipos de chilitos substituem o saudável queijo de coalho.
Tá explicado. Fazenda não dá mais nem menos dinheiro do que no passado.
Mas antigamente vivia-se dela. O que sobrava dava pra alguma coisa.
Mas hoje com o dinheiro que ela dá, não dá nem pra viver, que dirá pra sobrar.
Antigamente, mesmo que quisesse não se tinha o que comprar. Hoje se vende de tudo um pouco em cada esquina.
Infelizmente o consumismo está nos consumindo aos poucos.
O tempo da fartura era bom, era sim.
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