Essa é a pura verdade.
Eu juro!
Aconteceu com um dos integrantes mais antigos da família Diógenes. Mas com qual eu não me recordo mais.
Mas nem por isso vão me chamar de mentiroso ou eu vou deixar de contar a história.
Vamos convencionar que aconteceu com Seu Aluízio Diógenes, que vocês já conhecem de outras histórias.
Nos meados da década de 50, Seu Aluízio, embora jovem na idade, guardava a seriedade e a dureza de seus ancestrais, características marcantes do nordestino daquela época.
Estava ele na Fazenda Sombrio localizada no vizinho Estado do Ceará, quando assoma pela porteira um cavaleiro muito bem apessoado, trazendo um pacote, que pelo formato já se antevia uma viola.
Deduziu prontamente que recebia a visita de um legítimo representante do cancioneiro popular.
O visitante logo anunciou a chegada:
- Boas tarde!
- Boas tarde moço, vamo se apear e tomar chegada, respondeu.
O moço se aboletou no tamborete de couro curtido de boi, cruzou as pernas e levantou a dianteira do tamborete se escorando pachorrentamente no grosso pilar de tijolo do terraço da confortável casa.
- Seu Aluízio, o motivo de minha visita é...
- Não se adiante no negócio não homi, cortou o dono da casa.
- Vamos primeiro tomar um cafezinho.
- Ô Lica, traz água fria e café quente pra visita.
Pouco tempo depois surge sua esposa na soleira da porta com água e café, acompanhado de queijo de coalho e de uma tapioca temperada com nata. Delícias que desmanchavam na boca deixando um gostinho de quero mais.
A visita que vinha faminta se esbaldou no lanche, fazendo daqueles petiscos seu almoço e provavelmente também sua janta.
Quando terminou de encher o buxo, o anfitrião lhe trouxe uma “branquinha” da própria lavra e o visitante tragou o copo inteiro de um gole só.
Raspou o mé da garganta e adentrou no assunto:
- Seu Aluízio, você já deve ter notado que eu sou poeta. Ganho a vida cantando nos sertões deste Brasil.
- Seu moço, nada me apetece mais do que ouvir um bom poeta numa noite inspirada, respondeu.
- Apois é, mas pra eu fazer minhas apresentação, necessita da ajuda de pessoas boas como o Senhor.
- É só dizer em que posso lhe servir, que se tiver no meu alcance considere conseguido.
- Na verdade eu só preciso do alpendre de Vosmecê e que convide seus amigos pra cantoria no próximo sábado.
- Não só faço isso com muito prazer como ainda mato 2 carneiro pra nóis comer a noite todinha.
Nisso o cancioneiro, já farto de comer e satisfeito com a cantoria que se prenunciava auspiciosa, espreguiça-se ainda mais no tamborete, mirando seus olhos nas telhas do alpendre.
Eis que vislumbra uns braços de viola, empoeirados e com teias de aranha a lhes cobrir o que outrora fora a parte principal do instrumento melodioso.
Meio que surpreso indaga do anfitrião:
- Seu Aluísio, e esses braços de viola, o que fazem aí?
- Rapaz, esse braços de viola foram de uns violeiros que vieram marcar cantoria aqui em casa e mandaram eu convidar meus amigo.
E arremata:
- Chegaram aqui não cantaram nadica de nada e me fizeram passar vergonha perante meus convidados.
- Dei uma piza neles, quebrei a viola no espinhaço e guardei os braço como lembrança.
O cantor deu um pulo do tamborete meio assombrado e disse:
- Já é tarde seu Aluízio. Vosmicê me dá licença mas eu tenho de ir arribando.
- E no sábado o senhor chega de que horas?
- Eu me alembrei que tenho um compromisso. Vamo dexar pra semana que vem, mas eu mando um recado avisando.
Até hoje, nem o recado nem o cantador....
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