Eis que depois de dois anos Dona Ermelinda chega em casa esbaforida e sem fôlego. Vinha do telégrafo.
Reúne o resto de suas forças e grita:
- TONHO! DINDINHO CHEGA MÊS QUIENTA!
- À que data?, pergunta Seu Tonho já aflito de tanta alegria.
- Dia 10 Tonho, dia 10. Responde mostrando o telegrama tão esperado.
Seu tonho coloca o chapéu em cima da já rala cabeleira e vai na casa de Mestre Jonas, o único taxista do lugar, reservar o carro pra ir buscar Dr. Eduardo, como trata Dindinho em publico, na estação de Patu.
Só quem é Pai e tem filho fora é que sabe o que é a dor da espera, e a alegria de tê-los novamente em casa.
Mas esses feladaputa não tão nem aí. Preferem toda à sorte de miséria a estar com seus pais no aconchego do lar, pensou seu Tonho.
Dona Ermelinda se apurou na preparação do banquete e dos acepipes.
Seu Tonho mandou João Preto trazer o novilho que vinha engordando há dois anos, e reservou 15 grades daquela caninha de Vitória de Santo Antão, que só Doca do Bar sabia onde conseguir.
E completando, contratou os dois melhores violeiros pra cantar em verso e prosa a volta de Dindinho. Desculpem. Dr. Eduardo.
A festança ia ser muito maior que a primeira.
Um dia antes da data marcada, que surpresa!
Seu Tonho estava no armazém, pára um cavaleiro na frente e se apeia.
Quando levanta o chapéu descobrindo o rosto, seu Tonho reconhece a figura tão querida.
- DINDINHO!
Grossas lágrimas escorrem pelo rosto. Dr. Eduardo está magro com alguns poucos cabelos brancos a surgir aqui e ali.
A tez amorenada e as mãos calejadas sugerem trabalho pesado debaixo de sol.
Seu Tonho nada pergunta. A hora era de celebrar.
Banquete arrumado debaixo das frondosas mangueiras da praça, logos os convidados vão chegando, cada qual procurando um tamborete pra se sentar.
Já noite e com a comida rolando solta, eis que risca a camionete do Coronel Ferreira.
Seu Tonho corre pra receber o ilustre convidado, mas estaca no meio do caminho, lívido como se tivesse recebido um tiro.
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