À pedido, vamos terminar a “história do ultraleve”.
Que nós vínhamos caindo vínhamos. O ponteiro da velocidade vertical não deixava dúvidas.
Mas lá no íntimo eu sabia que a queda não iria ser o desfecho final.
Como o motor do astro tinha sido feito há pouco tempo, poderia ser que um fragmento ou um sujinho tivesse se alojado no carburador e tivesse entupindo a agulha.
Daqui há pouco aceleraríamos e iríamos embora novamente.
O danado é que de vez em quando dava uma acelerada e o bicho só engulhava, cof, cof, cof.
Élder já meio aperreado de vez em quando apontava um local que julgava ser bom pra pouso.
- Calma Élder, vamos levando até onde der.
- Quando chegar em 1.000 pés me avise, Disse.
Mas pensei:
- É só ter paciência que esse motor vai ganhar potência de novo.
E fomos levando. Numa situação dessas o tempo não passa. Um minuto é uma eternidade.
Se arrastando devagarzinho chegamos em cima de Rafael Fernandes. A BR se desenhava comprida lá em baixo, e já divisávamos o campo de pouso de Pau dos Ferros. Iríamos chegar.
Eis que Élder brada lá na frente:
- 700 pés .
Com 700 pés não dava pra chegar e já não nos restava muita margem de manobra.
Olhei pra BR. Era um campo de pouso perfeito.
Me recordei de Canindé, amigo nosso que numa pane foi pousar numa BR e apareceu do nada um caminhão. Tentou pousar no acostamento e bateu numa barreira. Morreu no local e PT no ultraleve.
Do lado direito tinha um descampado de uma roça que alguém tinha plantado no inverno. Tava limpinho, limpinho.
E pertinho da cidade. Em caso de necessidade o socorro seria mais fácil.
Aponto pro local e pergunto:
- Que é que acha dali?
- Ta bom, tá bom!, responde Élder.
- Eu pouso ou vc pousa ? pergunto.
- Você!, responde.
Assumo o controle total da aeronave e faço uma curva acentuada à direita pra encaixar o roçado. Sem enxergar os instrumentos peço a Élder pra ir informando a velocidade para não estolarmos....
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