Pois bem, vamos voltar à uma outra história que prometi terminar de contar:
No sábado, terminamos de preparar a aeronave, abastecemos e deixamos preparada pra viagem. No outro dia Brejo das Freiras era o destino.
Convenci minha esposa de que iríamos de carro (Tinha prometido que não mais voaria), e graças a Deus ela não demonstrou nenhum interesse em ir também.
De madrugada Élder passou lá por casa e rumamos para o aeroporto.
Manhã perfeita pra voar. Aeronave checada, plano de vôo pregado na perna, caneta na mão, cheque de cabeceira, potencia máxima e decolamos.
Élder no comando, e eu atrás só curtindo a viagem e conferindo o plano.
Aeronave aproada no rumo de Brejo, fomos ganhando altitude rapidamente.
Passamos por Marcelino Vieira com o tempo estimado “em cima dos pregos”, adverti Élder, que estávamos “escorregando” pra esquerda, mas ele no comando disse que a proa era aquela mesmo.
Eis que de repente o rádio dá sinal de vida. Era Jonas que estava voltando do encontro mais cedo.
Combinou com Élder a altitude de ambos, e 6 minutos depois cruzamos com seu Vimana que passou veloz como uma bala. Cena bonita de se ver.
Nessa altura, o plano de vôo já tinha ido pras cucuias. Nada batia. Nem distancia nem tempo, e Élder reconheceu que estava perdido.
Eu com um pouco mais de experiência apontei pra um rumo mais a direita, e fomos procurando identificar as cidades próximas.
Conseguimos primeiro identificar Uiraúna, e com um pouco mais de tempo avistamos o que parecia ser Cajazeiras. São João do Rio do Peixe vimos logo adiante, e na frente dela estava um açude com o campo de pouso a se delinear um pouco antes.
Motor reduzido, iniciamos a descida lentamente em direção ao açude que havíamos tomado como ponto de referência.
Outra curva à esquerda. A pista fica lindamente aproada e Élder inicia a final pra pouso.
O vento apesar de não estar tão forte, balança a pequena aeronave que teima em querer escorregar pra o lado.
O comandante aplica o pedal contrário, corrige a tendência, tira motor e o chão começa a se aproximar rapidamente.
Próximo do solo, um toque no acelerador e o motor ronca forte, diminuindo a velocidade de descida. Uma arredondada e a aeronave toca a pista. Bom pouso!
Não se faz necessário nem tocar nos freios. Deixa-se a aeronave correr livre até o pátio onde estavam estacionadas outras 10.
Motor desligado, saímos.
Certeza que seria um domingo maravilhoso.
Para os que não sabiam, Exupéry era piloto e desapareceu em 31 de julho de 1944, durante uma missão militar que partiu da ilha da Córsega, no sul da França. Ironicamente, o Piloto Alemão que o abateu era fã de seus livros.
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