Seu Aluízio não era um homem comum.
Nascido Aluízio Diógenes Pessoa, pouco estudou, mas inteligente como poucos, logo formou um patrimônio de botar inveja em muito doutor.
Muito sério e com vozeirão forte, quando ia dar sua opinião era desse jeito:
- Eu sou analfabeto, mas acho que deveria ser assim...
E pronto! Sua opinião, mesmo de “analfabeto” daí por diante era Lei.
Papai era outro homem do mesmo quilate, mas não ia contra as opiniões de seu Aluízio. No máximo e com muito jeito conseguia que ele mudasse a opinião.
Pois bem.
Malandro sempre existiu no mundo. Na década de 70 não seria diferente.
Seu Aluízio encontrava-se à tardinha balançando-se em uma cadeira no terraço de sua residência na Fazenda Recreio. Olhava suas vacas pastando e decerto pensava como a vida tinha lhe sido generosa.
Eis que pára na porta uma visita.
O homi era bruto, mas muito cortês, logo manda “se apear” e grita pra dentro de casa:
- LICA, traz uma água fria e um café quente!
O malandro se ajeita na confortável cadeira de fitilho, e começa a dizer a razão de sua visita:
- Seu Aluízio, vim lhe trazer um prêmio.
- Seu Aluízio, vim lhe trazer um prêmio.
- O Sr. ganhou uma coleção de livros.
Seu Aluízio, logo percebe o rumo da prosa, e retruca já de cara feia:
- Ganhei não, eu sou analfabeto, não sei ler, como é que eu ganho livro se nem de rifa eu gosto?
- Ganhou seu Aluízio ta aqui no papel seu nome e endereço. Tudo certinho os livros são do senhor.
- Ganhei não seu menino. E mesmo que tivesse ganho eu num queria. Tenho precisão desses troços não!
O vendedor muito calmo retrucou:
- Seu Aluízio, o Senhor é um homem educado e compreensivo, eu não posso voltar com os livros que meu patrão não vai aceitar. Vai me mandar vir de novo. Nossa empresa é séria e tem que entregar o material sorteado.
Nessa hora nem preciso dizer que o vendedor já corria risco de vida, mas mesmo assim seu Aluízio deu outra chance.
- LICA! Leve esses livros pra dentro!
Dona Lica pegou os livros e já foi carregando o 44 papoamarelo que ficava por trás da porta.
O vendedor satisfeito, puxa uma ficha da bolsa e já vai informando:
- Agora seu Aluízio, tem uma taxa de entrega que como vem de longe, de Recife não é muito baratinha...
Ora, a tal taxa de entrega era o valor dos livros, ou mais.
- Tem não seu menino, você disse que era presente, eu não queria nem receber, mas já botei pra dentro e agora não tem quem faça eu devolver.
- E pra encurtar a história acho melhor o senhor não esperar nem o café. Pode ir se alevantando e pegando seu rumo.
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