Bem-Vindo!!!

Todos os fatos aqui postados ocorreram da maneira como estão narrados.
Tirando uma mentira ou outra é claro!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

POUSO FORÇADO - 3

A volta de Brejo das Freiras vinha muito gostosa.  Élder no rumo certo e a altitude correta me permitiram ficar curtindo o vôo e apreciando a paisagem sem prestar muita atenção em instrumento.
O Astro, aeronave em que vínhamos voando, é pequeno e  estreito.  Comporta 2 pessoas, sendo uma atrás da outra (configuração tandem).  Quem vem no comando, no caso Élder, senta-se na frente, consequentemente quem se encontra acomodado atrás tem uma péssima visão do que se passa na frente, incluindo-se instrumentos.  Para vê-los tem de esticar o pescoço e olhar por cima do ombro do companheiro
Algum tempo depois dou essa esticada, confiro os instrumentos e vejo no altímetro que estamos a 2.000 pés.
Peço a Élder pra não deixar diminuir a altitude, me sentindo um pouco desconfortável, pois só gosto de voar com no mínimo 3.000 pés de altura.  Quanto maior a altitude, mais tempo temos pra sair de uma situação de risco, caso aconteça.
Nosso Astro vem balançando, com um vento ameno soprando de través.  Confortável parece uma rede de balanço, nada de turbulência, somente a oscilação macia.
Eis que de repente o motor desacelera.
- Élder porque vc cortou o motor? Pergunto
- Eu não buli nem no acelerador, responde já com a voz preocupada
Olhei para o acelerador e o danado estava realmente acelerado.
Ou tinha quebrado o cabo ou o motor tinha engasgado.
O coração quase saiu pela boca.
Engoli o coração pra dentro de novo, voltei o acelerador pra marcha lenta e acelerei de novo.
O motor engasgou, tossiu e nada de responder.
Não apagou totalmente, mas ficou só girando numa marcha lenta em total descompasso com meu coração que teimava em bater de forma mais e mais acelerada.
Respirei fundo, busquei uma calma que apareceu não sei de onde e cravei o vaticínio:
- Élder?  Quer saber a novidade?
- Qual é?
- Nós vamos pro barro! Respondi
Notei que ele aperreou-se e já foi apontando pra baixo, prum descampadinho merreca falando:
- Ali dá pra pousar!
Nesse ínterim, já tinha passado o susto, e já me lembrava do treinamento de Dedé ecoando na minha cabeça, e retransmiti as instruções a Élder.
- Ali é muito apertado e o terreno é irregular.  Deixe a aeronave ir descendo devagar e mantenha 50 milhas na velocidade até conseguirmos um local melhor
- Quando atingir a marca de 1.000 pés me avise.
E continuamos a viagem.
Caindo, mas continuamos.
Uma hora esse pássaro tinha que chegar ao chão.  Rezava eu para que saíssemos vivos desta....


Agora fudeu!

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