PEDALADA DE NATAL – 2

Quando chegamos em Água Nova, um gaiato achou que a pedalada era pequena e logo disse:

- Vamos pelo Encanto?

Nóis besta sem saber nem onde tava o Encanto respondemos na bucha:

- VAMOS!

E tome barro.  Realmente as trilhas melhoraram e começaram a render emoções mais fortes.

Neste meio tempo a bicicleta de Cleodécio, continuava se desmanchando, tendo caído também o suporte do squeeze.

A negada começou a parar pra tudo: Tomar uma coca, calibrar um pneu, a sombra de um Juazeiro, beber água, etc.

- Furou um pneu!

Ouvimos o grito e paramos, na sombra, é claro.

Estradinha de terra apertada, próximo a casa de uma fazenda.  O carro de apoio parou atrás e a negada foi em cima do que restava da água. 

Terminamos de comer as bananas de Erivam, e Fernando abriu um gatorade pra 9 indivíduos.  Deu uma colher de sopa pra cada um.  Acho que ele pensa que aquilo é remédio.

Do outro lado da cerca tinha um jumento que logo veio observar do que se tratava, com uma cara de fome.  Fui lá e pendurei uma casca de banana que ele comeu na hora.

Nisso vinha chegando um senhor com um feixe de capim nas costas que jogou do outro lado da cerca pra o jumento comer.

Puxei logo assunto, pois vi que era um homem sério, agricultor já calejado pela pesada lide do campo.

- o Jumento aqui passa bem né?

Ele se aproximou e disse:

- Tava até com medo de me achegar com esse rebaim de homi no mei da estrada.

- Ê seu Zé, acho que tudo aqui num é muito homi não, veja as bermudinhas coladas que tão usando, disse um.

O velho, que depois soubemos se chamar seu Luzimar, ficou por ali achando graça e proseando.  Enquanto isso o Presidente estava auxiliando no conserto do pneu, debruçado por sobre a bike, numa posição, assim digamos, não muito honrosa.

Seu Luzimar se achegou, mirou aquela poupançona virada pra lua, apontou fez um círculo com o dedo e disse:

- É REDONDONA!

Márcio não se agüentou e caiu no chão de tanto rir:

- Ele desenhou o logotipo do Itaú bankline...

Claro que só quem não riu foi o Presidente.

Ah veio safado e sem-vergonha, até bêbo o danado tava.

O apontador de buzanfa