Puta merda, enfrentar uma pedalada é bom, mas tem de ter uma recompensa no final. Um banho, um barzinho, qualquer coisa... Mas nadica de nada?
Depois de uma cancela avistamos uma casa, com um carro na frente e umas redes armadas no terraço.
- Vamos pedir um café...
Nos achegamos meio ressabiados. Um cachorro que estava passando a chuva em baixo de uma carroça avisou nossa presença. Saiu um rapaz lá de dentro que muito educado nos trouxe um café feito na hora.
A dona da casa apareceu e aproveitando de sua boa vontade pedi uma sacola pra enrolar o celular, Deividson aproveitou e pediu uma também pra digital dele.
Agradecemos e nos despedimos. E tome Pedal...
Meio aflito vi que só curvavam pra direita. Desse jeito nós íamos sair em Marcelino Vieira. Ou pior teríamos que curvar tudo a esquerda de novo pra chegar na estrada do perímetro.
Pois foi o que aconteceu.
Chegamos num local e Flávio disse:
- Aqui é o retiro!
- Homi vá pra merda! A gente morre de pedalar pra ver nada?!?!?!
Mas num teve jeito. Era só aquilo mesmo. Tomamos água e começamos a volta.
E tome chuva, e tome lama. E tome alto, e tome poça dágua.
Só que dessa vez as curvas eram pra esquerda.
Me lembrei muito de Papai, quando viajávamos nas estradas de barro dessa região. Quando o cansaço apertava ele dava um alento:
- Já, Já a gente chega na Central!
Pois é, eu já tava com palmo de língua de fora e a Central não chegava.
Lá na frente se delineou um alto grande, e lá na frente um maior ainda.
- Minha Nossa Senhora, o primeiro eu subo, o segundo eu não garanto.
A chuva parou, reduzi as marchas e subimos o primeiro.
Apois não é que o segundo era a danada da Central?!?!
Subimos na BR, já avistando o asfalto que teimam em não concluir. Eita Brasil que adora desperdiçar dinheiro....
Daqui pro Perímetro é relativamente perto, pensei, e dali pra PDF era um pulo.
Mas pra quem já vem cansado toda distância é longe.
Pedalamos um pouco e chegamos em frente ao parque de vaquejada de Paulo de Jaime. Lá tem um barzinho que tava fechado.
Flávio foi acordar o dono, que abriu e nos trouxe uma Coca-cola com um pacote de bolacha.
Beleza. Naquela altura era um manjar dos deuses.
Bebemos e comemos, nos despedimos e pegamos o rumo de casa.
No caminho, diversos conhecidos diminuíam a marcha pra nos cumprimentar. Viemos devagarzinho, mas chegamos.
Tava arrebentado por uma noite mal dormida e por uma pedalada de quase 60km por trilhas de lama.
Exausto é pouco pra definir o cansaço que tava sentindo.
Larguei a bike no terraço mesmo, corri pro banheiro, tomei um banho, comi um sanduíche, coloquei um pijama e passei ordem:
- Ninguém me acorde, nem pra almoçar.
Me deitei, puxei os lençóis e o corpo foi relaxando. Acho que o melhor da pedalada é o descanso depois. Não tem coisa melhor.
O celular, que graças a Deus funcionou de novo toca. Caí na besteira de atender.
- Nelsinho, é Cecília aqui do Hospital...
- Diga Cecília!?!?!?
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